quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Sobre namorar...


"Namorar é matizar esperanças. Colocar o afeto em gestação dentro do calor da paixão até o nascer do amor que, como bem disse Vinicius de Moraes, será “eterno enquanto dure”.

É um frenesi que leva a certo desprendimento de outros desejos que não sejam as mãos entrelaças dos enamorados num abraço capaz de rodear o mundo e cujo sentimento, por ser tão grande, não caber nele.

Namorar é olhar o outro cada dia com olhos diferentes, guardar na memória cada traço do seu rosto, corpo e dos momentos passados juntos, para relembrá-los uma hora qualquer em que a distância se fizer presente e trouxer com ela as saudades.

É viver coisas corriqueiras como se fossem espetaculares por que na verdade são. Tomar soverte na chuva, passear de mãos dadas na praça, dançar sobre as estrelas - ainda que elas estejam invisíveis no céu - e cantarolar aquela música romântica que antes lhe parecia piegas, mas que agora é a trilha musical do romance de vocês.

Namorar é ser ridiculamente feliz ao usar diminutivos ou falar um ao outro com vozes infantis, mesmo que vocês sejam adultos cheios de responsabilidades. Trocar juras de amor encantar-se com as vitrinas e neons das ruas, ter conversas intermináveis no telefone e sentir poesia em tudo ao redor.

Dividir suas coisas favoritas. Ser cúmplice, mas manter alguns segredos. Vasculhar lojas e sebos atrás daquele livro maravilhoso, edição limitada que você queria tanto e depois dá-lo de presente ao outro só por ver o brilho “pidão” no seu olhar.

Namorar é conhecer e explorar possibilidades. É brigar e fazer as pazes. Ter ciúmes e generosidade. Ter orgulho e de repente não ter a mínima vergonha de pedir perdão. Dizer adeus para sempre e estar de novo ali no dia seguinte, porque sempre pode não ser muito tempo para quem namora."

(Betha M. Costa)

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

Saudade...


Hoje acordei com saudade. Mas não sei saudade de quê. Sabe quando parece que tá faltando alguma coisa? Então... Aí fui olhar uns poemas e acabei achando um soneto do Fernando Pessoa que me fez pensar:

"Eu amo tudo o que foi

Tudo o que já não é

A dor que já não me dói

A antiga e errônea fé

O ontem que a dor deixou

O que deixou alegria

Só porque foi, e voou

E hoje é já outro dia."

É como se ele traduzisse o meu sentimento, porque pra mim saudade nada mais é do que lembrar com carinho tudo o que a gente já viveu. Recordar momentos, sentimentos, pessoas... Querer reviver alegrias, tentar mudar as tristezas... Às vezes até lembrar de algo que nos magoou e perceber que aquilo nem foi tão ruim assim, ou ver o quanto nos fez crescer... Segundo Carlos Drummond de Andrade, “Também temos saudade do que não existiu. E dói bastante.” Não é mesmo? Pensar em como seria se tivéssemos tomado rumos diferentes, ter feito alguma coisa que a gente deixou passar lá atrás... Nossa, quanta nostalgia! Mas é tão bom lembrar! Fazer um balanço da vida e ver se dá pra ser melhor. Saudade de quem a gente foi e já não é mais. Saudade da infância, de brincar na rua, de ganhar colo... Saudade de banho de chuva, de assistir sessão da tarde... Saudade, saudade... Quanta saudade! É, acho que tô ficando velha... Hehehehe... Mas tá bom assim. Alguém disse um dia que “A saudade é a maior prova de que o passado valeu a pena.” E é verdade! Eu sei que um dia eu vou estar sentindo saudade dessa fase que eu estou vivendo agora. Das preocupações, das angústias, mas também dos amores, dos amigos, e das festas que a gente faz junto. E assim eu vou levando... Sonhando, lembrando, sentindo saudades, mas, principalmente, vivendo! Porque, segundo Vinícius de Moraes:

“Quem já passou por essa vida e não viveu

Pode ser mais, mas sabe menos do que eu

Porque a vida só se dá pra quem se deu

Pra quem amou, pra quem chorou, pra quem sofreu...”

Vamos viver! E aproveitar cada instante para podermos lembrar lá na frente de como fomos felizes!!!